quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Praia

Hoje, vamos passear um pouquinho por um dos meus cantinhos preferidos do Rio de Janeiro... o Arpoador.

Formação rochosa que me acompanha desde a minha infância.

Ali assisti a várias chegadas das famosas regatas Buenos Aires - Rio. Dali assisti a alguns eclipses. Ali meditei. Também foi ali que busquei o equilíbrio.

Em homenagem a esse belo recanto, eu redigi o poema A Praia, assim que retornamos de nosso período de São Paulo.

A PRAIA


Ao Rio de Janeiro retornar,
Após um exílio profissional,
Levei meus filhos a passear,
Pela minha praia, o meu quintal.


Andamos em Ipanema,
Pelas areias a sonhar,
O tempo voltou correndo,
Para minha infância recordar.


Na Montenegro começou a caminhada,
O Castelinho atravessamos correndo,
Então demos a primeira mergulhada,
Pois o calor já estava derretendo,


Num pulo já estávamos no Arpoador,
Um dos paraísos desta cidade,
Meus sonhos ganharam cor,
Ali explodiu uma grande saudade.


Conheci aquele local,
De areia, pedra e mar,
Levado por minha mãe,
Para aprender a nadar.


Sempre que o tempo permitia,
Ao Arpoador retornava,
O mar nunca me mentia,
Ele sempre me ajudava.


Mar sem bocas, buracos e surpresas,
Sempre convidava para novo mergulho,
Ali o homem ainda era nobre com a natureza,
O som das ondas era o único barulho.


A pedra começamos a escalar,
E logo chegamos ao Samarangue,
De onde os meninos pulavam,
Em grupos, bandos e gangues.


Nadavam até a arrebentação,
E como vitoriosos,
Numa grande curtição,
Desciam as ondas em jacarés vistosos.


Prosseguimos na pedra caminhando,
E logo alcançamos o Pontão,
De onde, só meu irmão pulava,
Pois ele tinha permissão.


Ao seu lado o Salseiro imponente,
Pedra alta, redonda e forte,
Que em dias de mar bravio, metia medo na gente,
Assustava pelo cheiro de morte.


Prosseguimos em nossa andança,
Passando pelos pescadores,
Que naquela época, de linha ou de arpão,
Pescavam garoupas, polvos e cação.


Chegamos ao lado oposto,
Passando por casais de namorados,
Que para ali se refugiavam,
Ficando a namorar, sentados, deitados.


Da ponta da pedra, avistamos o Forte Copacabana,
Depois da Praia do Diabo,
Na ponta da pedra, o seu canhão reluzente,
Apontado sempre para o Sol nascente.


A função que seu projetista lhe deu,
Foi disparar, alardear,
Toda vez que o dia nascer,
E o Sol não despontar.


Tiros deu mais de cem,
Foi meu pai quem me contou,
Que a medalha que ele tem,
É que nunca ninguém acertou.


Forte que não conheceu torturas,
Nem na época das ditaduras,
E assim o Governo o promoveu,
Para o alto posto de Museu.



Retornamos à Praia do Arpoador,
Mais uma vez passando pelos namorados,
Que observavam o Redentor,
Enrolados, entretidos, amassados.


Assim acabávamos o passeio,
Com água de coco comemorado,
Que gostoso este devaneio,
Desta viagem ao passado.


O pôr do sol se anunciou,
Começava o seu mergulho no mar,
O céu avermelhou,
E a natureza a este show comandar.


Meus filhos perceberam certamente,
O tamanho da minha emoção,
Hoje eles são semente,
Eu, recordação.

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