sábado, 3 de setembro de 2011

VERÃO EM IPANEMA

Tarde de domingo ensolarado, no início do verão de 1969. O dia era 5 de janeiro, quando um grupo de adolescentes foi para o Cinema Pax em Ipanema, mais precisamente na Praça Nossa Senhora da Paz, para assistir na sessão das 6 ao sucesso da época - "Ao Mestre com Carinho", estrelado pelo fantástico Sidney Poitier.



Ela finalizava o 1o. ano do Instituto de Educação, e ele finalizava a duras penas o 1o. ano na Escola Nacional de Engenharia.

A época era cercada de passeatas, e o endurecimento do regime militar que comandava a direção do país..

Ipanema, a capital do livre pensamento do país, fervilhava de idéias e energias, 24 horas por dia; pela manhã, nas praias encontravam-se discussões e trocas das experiências da noite anterior, entre uma e outra porradaria entre os jovens praticantes do frescobol e a PM. Tinha também os competitivos jogos de vôlei, entremeados com o mate do Galvão. Os banhistas eram protegidos pela dupla formada por Lima e Miguel, os salva-vidas do pedaço.As tardes eram ocupadas com cinemas e Maraca. As noites e as madrugadas fluíam pelo Castelinho, pelo Jangadeiros, pelo Zeppelin, pelo Lamas, onde a turma composta por Cabeça, Manel, Vavá, Paulista, Ratinho, chefiada por Seu Santos, atendia a todos com o maior bom humor.



Bar Castelinho



Jangadeiros



Pois foi exatamente neste cenário que os hormônios daqueles dois jovens se encontraram e explodiram, gerando uma paixão e um amor que tem vencido décadas.

Valeu !!

VERÃO EM IPANEMA


Janeiro/2004


Chegava ao fim a maravilhosa década de sessenta,

quando novo amor era construído de forma lenta,

tarde de verão que caía doce como um poema,

num infindável caminho até o cinema.



Os corpos já estavam quentes do Sol,

a insegurança e dúvidas poluíam as cabeças dos dois,

mas Cupido com seu magnetismo que a tudo vence,

aproximou no antes, mostrou caminhos no durante e iluminou o depois.



Após as luzes apagarem-se, os adolescentes

ficaram sós, aquecidos com chamas quentes,

não havia mais espaço para atrasos,

mas sim para construção de grandes laços.



Os corpos ainda energizados pelo sal,

romperam barreiras caminhando naquela estrada sem mal,

aboliram medos,

e as ferramentas foram as pontas dos dedos.



Os rostos se encontraram num beijo,

O momento foi tomado pelo desejo,

Que faiscou todos os sinais de excitação,

Ali foram apresentados à sua paixão.



Foram tantos abraços,

Alguns até mesmo devassos,

Seguidos por invasões,

Permissões, tesões.


Nunca um filme foi tão veloz,

aí o tempo foi algoz.

As luzes se acenderam,

os corpos se recompuseram, mas as mãos dadas não mais se romperam.



Parece que eles ainda não saíram daquele cinema,

o Pax de Ipanema,

pois o amor que nasceu naquele “Ao Mestre com Carinho”,

prossegue, trilhando o seu caminho.